Vamos falar de edição?

14:00 Gi Milanetto 9 Comments

Nas unhas, Cherubic da Color Club dando pinta.
Esse post é gigante e pessoal, mas achei que publicando-o, quem tiver paciência pra ler pode pular algumas etapas pelas quais eu tive que passar pra aprender algumas coisas. É que nem conselho de tia, você pode dormir enquanto a pessoa conta a história dela e ouvir só a moral da história - pra fazê-lo, é só ir pro tópico ''e a edição, finalmente!"... Também pode ficar com preguiça de ouvir e ir se divertir por aqui hahaha...

Minha história com os programas normalmente utilizados para pós-edição é longa. Meu segundo computador da vida (acho que tou lá pelo quinto...) veio com um monte de tralha instalada, entre elas, um tal de Photoshop 5 - desde então, houve dez versões do programa até a atual, CS6! -. Eu escaneava meus desenhos e o programa do scanner era uma grande porcaria, por serrilhar os traços quando a imagem era reduzida - o primeiro rabisco ilustra o problema. Aí resolvi tentar reduzir naquele tal de Photoshop, e voilá, a ficava tudo tudo perfeitinho, que nem na anja.



Dali um tempo, eu já arriscava usar o Photoshop pra colorir os desenhos - esse abaixo, colori no mouse... Não levou tanto tempo pra eu querer uma tablet também -, ou pra fazer layout de blog.




E como não podia deixar de ser, usava o Photoshop também pro que ele foi pensado: manipulação de fotos, como no caso dos cabelos e olhos dessa foto:

Ah, a adolescência do começo dos anos 2000... Pôster do Nirvana com a Barbie e o Ken logo abaixo, bichinhos da Parmalat, blusas de rock, unhas pretas roídas, piercings e cabelos coloridos... E eu e meu primo com 15 anos! HAHAHHA

Manipulação e ajustes

Eis uma distinção que eu considero bem relevante, embora possa ser coisa da minha cabeça e uma tangencia a outra, invariavelmente. Manipulação envolve alteração da forma/cor e/ou retirada/inserção de elementos da imagem - desde emagrecer uma pessoa, passando por apagar espinhas, algodões grudados na unha ou borradinhos que só o macro vê, até alterar completamente o fundo. 

Já os ajustes não envolvem alterações nas formas, mas sim nas tonalidades gerais, contraste, nitidez - úteis quando a foto toda fica amarelada ou mais escura do que se pretendia, e até quando a pessoa retratada aparece de dentes amarelos ou com olheiras (mas se for rolar uma plástica pra retirada de bolsas ou um ajuste digno de ortodontista, já entramos no campo da manipulação). 

Ok, e daí?

Eu poderia dizer que ajuste pode, manipulação não. Já pensei dessa maneira algumas vezes, hoje sou menos radical - pode tudo, desde que a imagem como um todo fique melhor!
E se teve um conselho muito útil que me foi ensinado sobre edição, foi o de que todas as fotos digitais precisam de um acréscimo na nitidez. E só isso já é razão suficiente para que eu queira que tudo o que eu fotografo passe pela edição.

Já nas fotos de esmalte, minha grande razão atual para a edição, além da nitidez, é o enquadramento e ajuste de cores. Como normalmente uso uma lente que não permite que o objeto fotografado esteja a menos que 45cm dela - uma compacta comum costuma permitir foco a 2cm da lente, o que exige uma grande mudança de hábito... -, posiciono a câmera no tripé na minha frente, faço a pose e disparo, utilizando um disparador remoto xing ling (e antes de tê-lo, era esticando o braço mesmo) e vou vendo como vai ficando após o clique no visor LCD. E são muitos cliques pra garantir um ou outro bons. Em nenhum deles, o combo enquadramento + pose + foco + cores sai da câmera do jeito que eu queria - aí que entra a edição. Quando fotografava com o celular ou com a compacta, o enquadramento costumava ser bom, mas os ajustes de cor e nitidez eram mais necessários ainda. Já fiz um tutorial sobre isso, logo que comecei o Tumblr.

Outra máxima que aprendi sobre manipulação e ajustes é que quanto melhor estiver a imagem na câmera, menor vai ser o trabalho posteriormente. Parece óbvio, mas é dica de ouro - nesse caso, a procrastinação do 'depois eu arrumo' é uma grande inimiga...

Raw e jpeg

Também demorei um tempo pra entender direito que diabos era o tal do arquivo .raw. Lembro que alguém perguntou numa aula da faculdade de Recursos Computacionais, em 2010, que formato era aquele. A professora não sabia, prometeu pesquisar pra nos contar e uma semana depois, mandou um e-mail com uma explicação Rosana, sua linda <3. Mas assim como abertura, exposição e ISO, isso só fez sentido quando de fato peguei um arquivo assim pra mexer. 

Tudo que passa por meios digitais é composto, em última instância, de zeros e uns, a tal da linguagem de máquina. E para que possa ser exibido numa tela, ou impresso, ou decodificado da forma que for necessária pro uso, precisa passar por uma conversão, que vai dizer como cada ponto do elemento precisa ser, e o que dita a qualidade dessa conversão é a qualidade da máquina que se está usando - Win7 não roda bem num pc 486, sites pesados não funfam bem em internet de 1MB como a minha... E comparando a capacidade de processamento de uma câmera fotográfica com um computador i7 16GB de RAM moahuahua, a câmera sai perdendo...

O jpeg é uma imagem convertida e ajustada pela própria câmera, enquanto o raw ainda não passou por esses ajustes - logo, não é uma imagem, é um aglomerado de informação que necessariamente precisará de pós-edição. E quem usa? Qualquer um que goste de ou precise passar horas tratando imagens. Eu gosto, profissionais precisam. E conhecimento em ferramentas diferentes nunca é demais!

Essa explicação tá bem enxuta; dois textos bons e simples sobre isso estão aqui e aqui

Aí o Lightroom se fez necessário na minha vida. 
O Photoshop possui uma funcionalidade chamada Camera Raw, capaz de abrir e possibilitar ajustes em arquivos raw, mas a minha câmera é mais nova que minha versão do Photoshop. Ao invés de trocar os softwares de CS5 pra CS6 (na verdade, uso muitos dos programas da Adobe, então seria meio chato trocar todos), passei a usar o Lightroom mais recente.

...E a edição, finalmente!

Essa é a tela do programa, e uma foto do Salto Agulha, como saiu da câmera. Embaixo, as miniaturas - são realmente muitas até conseguir alguma que preste...


A primeira parte é a escolha do enquadramento. Uma mesma foto parece várias, dependendo do ângulo no qual se enquadra!


Nesse caso, acabei ficando com a versão paisagem. Brigo com o hábito de querer deixar tudo quadrado...


E no próprio Lightroom, com os ajustes já feitos. É aí que entra o gosto da pessoa que está editando: neste tipo de foto, para a pele, gosto de pouco contraste e evito os amarelos, puxando pro rosado, já que acho que o esmalte ganha destaque desta forma. Pra evitar sombras duras, procuro fazer as fotos na luz difusa - dá pra ver no reflexo do indicador que há pelo menos duas fontes de luz; uma delas era a janela, e a outra, uma luminária. Lembram-se da dica de melhorar ao máximo a imagem na câmera? Tendo consciência do processo todo, dá pra facilitar as coisas...


Por fim, exporto a imagem para o Photoshop, para alguma manipulação necessária, aumento de nitidez, ajuste de tamanho e colocação da marca d'água. Nesta, retirei um algodãozinho que estava grudado na unha do indicador. Normalmente, tiro algodões, machucados nos dedos e borradinhos que eu não vi, mas a câmera sim. Certamente o Lightroom ofereceria recursos semelhantes, assim como seria possível realizar os ajustes e enquadramento no Photoshop. Uso um pouco de cada por pura preguiça de aprender a só usar o primeiro...


Esse post, na verdade, visa defender o uso de recursos pós-câmera, e até estimulá-los. Eu acho que o Photoshop é um dos bodes expiatórios da contemporaneidade: a gente ficou tão preguiçoso pra buscar melhorar em qualquer coisa que façamos, que quando aparece algo perfeito demais, sempre achamos que só pode ser artificial, ter sido 'feito no Photoshop': desde corpos mais bonitos que os nossos, que nunca assumimos ser resultado de muito exercício e dieta, até unhas com cutículas, bem hidratadas e pintadas - se estão vendo ao vivo, é postiça, se é foto, é Photoshop. O que muita gente acaba não vendo é que a edição é parte da criação das imagens, e principalmente, que os programas não fazem nada sozinhos, sem um elemento humano por trás. Já a fidelidade da imagem à realidade é outra discussão, e depende muito da pessoa que está produzindo.

Cenas do próximo capítulo!

Ia fazer tutorial de Lightroom ou de Photoshop, mas achei algo melhor que isso, acessível pra qualquer pessoa num pc com internet, em português e grátis! Muito amor <3

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